Favo Malhas recorreu à Justiça para tentar reestruturar o negócio
A Favo Malhas, empresa com quase 60 anos de mercado que atua com alvejamento e tingimento de tecidos, artefatos têxteis e estamparia, entrou em recuperação judicial. A decisão que deferiu o pedido foi expedida no dia 13 de fevereiro. Despacho assinado pelo juiz Maycon Rangel Favareto, da 2ª Vara Cível de Brusque, estipulou prazo de 60 dias para que a companhia apresente o plano de recuperação, sob pena de conversão do processo em falência.
Em novembro do ano passado, a coluna antecipou que a Favo estava se preparando para recorrer à Justiça na tentativa de reestruturar o negócio. Na época, a empresa já havia obtido benefícios antecipados de um processo dessa natureza, como o impedimento do corte de energia elétrica, proibição de retirada de bens considerados essenciais para a operação (máquinas, equipamentos e matéria-prima) e suspensão temporária de ações de execução.
A Favo acumula uma dívida de pouco mais de R$ 120 milhões, sendo que cerca de R$ 80 milhões equivalem a débitos tributários. No entanto, apenas R$ 32 milhões – pouco mais de R$ 11 milhões em dívidas trabalhistas – estarão sujeitos à recuperação judicial. É este valor que a empresa precisa demonstrar como pretende pagar no plano a ser apresentado à Justiça e que será analisado por mais de 600 credores.
Fundada em 1963, a Favo tem, hoje, cerca de 160 funcionários. Ao pedir socorro à Justiça, a empresa elencou um histórico de motivos que a teriam levado à delicada situação financeira, da abertura do mercado a produtos chineses a crises no setor têxtil, passando por oscilações na economia brasileira e, mais recentemente, à pandemia de Covid-19.
As “sucessivas crises”, segundo argumento utilizado pela Favo ao entrar com o pedido de recuperação judicial, fizeram a empresa se endividar a partir de empréstimos com juros altos. Demissões de funcionários – no passado eram mais de 400 – geraram passivo adicional com custos de rescisões. Muitos deles acionaram a Justiça do Trabalho, gerando mais despesas que teriam impactado o caixa.
Reestruturação
Apesar do momento difícil, a Favo conversa com investidores para tentar a reestruturação do negócio, diz o advogado Pedro Cascaes Neto, que representa a empresa no caso. Alguns já teriam, segundo ele, sinalizado interesse em fomentar o negócio, entendendo que ele ainda é viável.
— A Favo sobrevive sem capital externo. A gente acredita que a atividade por si só é capaz de soerguer-se. Mas a utilização de capital externo seria boa para acelerar a saída da crise — avalia.
Para fazer a ponta com a Justiça, a empresa Medeiros & Medeiros, especializada no assunto, foi nomeada como administradora judicial da Favo. O escritório já havia conduzido um levantamento anterior que atestaria a viabilidade da recuperação da companhia.
Fonte: NSC Total