O caso mais emblemático deste ano foi o das Americanas, que descobriram “inconsistências contábeis” no seu balanço da ordem de bilhões ao identificar que as dívidas com fornecedores teriam sido subestimadas ao longo de muitos anos.
Outros grandes nomes também entraram na lista daqueles com dificuldades financeiras, como CVC e Marisa.
O que essas empresas têm em comum? Com exceção das Americanas, que é um caso à parte, o cenário macroeconômico desafiador e as altas taxas de juros colocam as empresas em dificuldade de manter em dia as suas dívidas e deixam a estrutura de capital muito pesada.
Companhias com boa avaliação de risco pagam, normalmente, pelo menos 3% ao ano de risco de crédito. Ao adicionar a parcela referente à taxa básica de juros, que hoje está em 13,75%, o custo ao ano salta para cerca de 17%. Para companhias médias, pequenas, ou com percepção de risco maior, o custo pode até ser proibitivo.
Esse ambiente vai levar impreterivelmente a uma onda de renegociação de dívida. Se você investidor estiver posicionado em papéis com alguma participação em crédito privado, provavelmente vai acompanhar esse movimento.
O primeiro ponto a ser destacado é: não se assuste, processos como esse fazem parte dos ciclos econômicos e não significam necessariamente a perda do dinheiro investido.
Renegociações nada mais são do que a revisão dos termos de uma determinada dívida entre a companhia que levantou os recursos e os credores que emprestaram o dinheiro.
Em momentos como o atual, esse processo torna-se necessário para que os créditos continuem saudáveis e para que todas as obrigações sejam honradas. Muitas vezes, as renegociações compreenderão o adiamento do pagamento desse passivo ou a flexibilização na forma de pagamento no curto prazo. Por um lado, essa possibilidade dá fôlego para a empresa e permite que ela continue operando.
Para os investidores pessoa física que passam por renegociações ou que avaliem alocar recursos em novos títulos de dívida, o conselho é: Estudem a estrutura de garantias desses papéis.
É ela que vai reduzir o risco em momentos de crédito estressado como o que estamos vivendo atualmente. Garantias de qualidade como carteira de recebíveis pulverizados e alienação fiduciária, que são bastante comuns em operações no mercado imobiliário, tendem a passar com mais tranquilidade por momentos como este.
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Fonte: Economia UOL