Veja 6 empresas que entraram em recuperação judicial este ano; ‘É só o começo’, diz Serasa

Nesta semana, mais duas empresas pediram socorro à Justiça: a Cervejaria Petrópolis e a varejista Amaro, com requisições de recuperação judicial e extrajudicial, respectivamente. Os casos não são isolados: 2023 tem se mostrado o “ano da quebradeira” para algumas empresas brasileiras.

Entre janeiro e fevereiro, os pedidos de recuperação judicial subiram 59,8%, para 195, frente ao mesmo período de 2022, de acordo com o Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian. O número é o maior dos últimos quatro anos e iguala ao registrado em 2018.

De acordo com o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a estagnação econômica do país, combinada com a inflação e os juros altos, influenciam na alta da inadimplência, tanto para empresas como para consumidores.

“No caso dos empreendimentos, por acumularem uma quantidade enorme de dívidas, acabam entrando em risco de insolvência e alimentando as estatísticas de falências e de recuperações judiciais”, diz.

O advogado e sócio da Mendes Advocacia & Consultoria, Lucca Mendes, ainda afirma que a crescente nos pedidos não se limita aos desafios que afetam setores específicos. Segundo ele, estão relacionados com garantias e previsões legais que privilegiam a empresa, como a obtenção de tutelas cautelares preparatórias.

“Essas medidas antecipam consequências jurídicas de um futuro processamento da recuperação judicial, como a suspensão de ações de cobrança e a liberação de medidas constritivas”, diz.

Inadimplência crescente

Rabi, da Serasa, afirma que o ciclo de alta da inadimplência começou em setembro de 2021, e a tendência é que continue crescendo de forma gradual. Apesar disso, não deve colocar em risco o sistema financeiro, ou seja, está longe de causar uma crise de crédito e no sistema bancário.

O que muda nesse cenário é a dificuldade de acessar o crédito. “As taxas de empréstimos estão subindo cada vez mais, mesmo com a Selic estagnada há meses”, explica.

O indicador da Serasa Experian também mostra que as micro e pequenas empresas registraram o maior número de pedidos de recuperação. No entanto, há um crescimento relevante nas requisições pelas grandes empresas em 2023, totalizando 24 — o maior nos últimos três anos. Para Rabi, esse aumento preocupa.

“Quando o número de pedidos de recuperação judicial e falência aumenta entre as grandes empresas, acende o sinal de alerta, pois elas teriam maior capacidade de atravessar esses cenários econômicos incertos“, adverte o economista.

6 empresas que pediram recuperação judicial em 2023

Com dívidas de cerca de R$ 4 bilhões, o Grupo Petrópolis, dono da Itaipava, apresentou na segunda-feira (27) pedido de recuperação judicial, a fim de evitar o vencimento de uma dívida de R$ 105 milhões.

A companhia não informou a dívida com cada um de seus credores, mas afirma dever R$ 2 bilhões com obrigações financeiras e de mercados de capitais. Além disso, as dívidas com terceiros somam cerca de R$ 2,2 bilhões.

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