Americanas (AMER3) propõe remuneração 10% maior a conselho em 2023 e reduz em quase 30% valor a diretores

Montantes, que consideram salários fixos, pagamentos variáveis e ações, serão submetidos a assembleia de acionistas da companhia no dia 29 de abril

A Americanas elevou em quase 10% o valor previsto da remuneração a seu conselho de administração em 2023, frente ao pago em 2022, e reduziu em cerca de 30% o montante proposto para os diretores (considerando fixo, variável e ações), após a crise contábil gerada a partir de suspeitas de fraude nos balanços da empresa. Ao conselho fiscal, que deve ter um membro a mais, a soma quase triplica.

Os conselhos de administração e fiscal têm os mesmos membros que estavam nos respectivos órgãos em 2022, período que faz parte da investigação em andamento por parte de um comitê independente sobre o rombo contábil de R$ 20 bilhões identificado em janeiro. A Americanas está em recuperação judicial , com dívida superior a R$ 40 bilhões.

Os dados da Americanas estão em proposta da administração, arquivada na Comissão de Valores Mobiliários a quarta-feira, e a ser votada em assembleia de acionistas  no dia 29 de abril.

Segundo o documento, ao conselho da empresa está sendo proposto R$ 5 milhões aos sete membros, sendo R$ 2,6 milhões em salário ou pró-labore e R$ 2,4 milhões em participação em comitês. O montante é 9,6% acima do pago no exercício de 2022, quando alcançou R$ 4,56 milhões — por cadeira, a proposta de 2023 equivale a R$ 714 mil, em média.

No conselho estão indicados, para 2023, os nomes de Carlos Alberto Sicupira, do trio de sócios da referência da empresa; Paulo Lemann, filho de Jorge Paulo Lemann, também do trio de acionistas; Claudio Barreto Garcia e Eduardo Saggioro Garcia, estes últimos também representantes dos acionistas de referência em 2022.

Ainda estão sendo propostos para as cadeiras do colegiado os nomes de Sidney Victor da Costa Breyer, Mauro Not e Vanessa Claro Lopes como conselheiros independentes — eles já estão no colegiado hoje. Os três também são membros do comitê de auditoria.

Em relação à diretoria, a empresa propõe para 2023, a sete diretores estatutários, remuneração total de R$ 35 milhões, sendo R$ 25 milhões em salários ou pro-labore e R$ 10 milhões em “outros”. Equivale, em média, a R$ 5 milhões por diretor. O recuo entre o total pago em 2022 e o projetado para 2023 é de 29,4%.

Não há menção a remuneração do comando em ações — e num ano em que o papel já perdeu quase 90% de seu valor, isso não deve estar sendo tratado como ferramenta de retenção da equipe no curto prazo.

Apesar da soma anual estimada menor, em termos de salários e pró-labore, o montante dos executivos é cerca de 82% superior ao pago em 2022, possivelmente uma forma de a empresa manter a equipe, após o afastamento da alta diretoria da rede no início do ano.

Em 2022, quatro membros estatutários da diretoria — incluindo o CEO, Miguel Gutierrez, que deixou a empresa no fim do ano, e os três diretores afastados de seus cargos — receberam R$ 49,6 milhões ao todo. Isso equivalia a uma média de R$ 12,4 milhões por diretor.

A nova diretoria da empresa é formada de executivos que já estavam no grupo, e foram ganhando espaço na gestão após os diretores Anna Saicali, Márcio Cruz e Timotheo Barros terem sido afastados semanas após a notícia do rombo contábil de R$ 20 bilhões.

Em 2022, na remuneração de R$ 49,6 milhões do CEO e dos diretores estavam incluídos R$ 13,7 milhões em salário e pró-labore, R$ 10,7 milhões em remuneração variável, além de R$ 25,1 milhões em remuneração baseada em ações.

Ao conselho fiscal, a equipe cresce, e o valor quase triplica de 2022 para o proposto em 2023, de R$ 581,6 mil para R$ 1,45 milhão neste ano. Há um membro a mais indicado neste ano. Para esse órgão, foram indicados Carlos Alberto de Souza, Ricardo Scalzo, Vicente Antônio de Castro Ferreira e Raphael Manhães Martins.

Em 2022, segundo atas das reuniões, os conselheiros fiscais eram os mesmos membros agora indicados — Carlos Alberto de Souza, Ricardo Scalzo e Vicente Ferreira.

O conselho fiscal é parte da estrutura de governança, fiscalizando atos dos administradores, por meio da verificação do cumprimento dos seus deveres legais e estatutários. Ainda pode opinar sobre o relatório anual e propostas da administração a serem submetidas à assembleia geral.

Somando conselho de administração, diretoria e conselho fiscal, há queda de 24% na remuneração total prevista para este ano, de R$ 41,4 milhões.

Procurada pela reportagem, a Americanas informou que a soma das remunerações propostas para os conselhos e diretoria para 2023 “está em linha com o mercado e é menor que a realizada em 2022”. O aumento do valor para o conselho fiscal, segundo a rede, “deve-se a um equilíbrio, realizado neste ano, entre a remuneração do órgão e a da diretoria estatutária, em observância às regras legais vigentes”.

Redes concorrentes também divulgaram seus planos de remuneração para votação. No Magazine Luiza, a proposta aos sete membros do conselho de administração é de redução de R$ 17,1 milhões em 2022 para R$ 10,4 milhões neste ano. Para a diretoria (seis executivos), a soma sobe 11,7%, para R$ 40,9 milhões (fixo e variável), sendo 80% em ações e participação nos resultados.

A Via, dona da Casas Bahia, propôs ao conselho, com cinco membros, R$ 8,7 milhões neste ano (alta de 14,8%). Para a diretoria, com cinco executivos, a soma sobe 64,5%, para R$ 99,4 milhões, a maior entre as empresas do setor — sendo 90% em ações e em variável.

Fonte: Inteligência Financeira

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