Em encontro, credores paranistas cobram desconto menores e garantia de pagamento. Tricolor oferece desconto de 90% a 92% para pagar a dívida de R$ 119 milhões em 16 anos
O Paraná Clube conseguiu a suspensão por 60 dias da assembleia geral, realizada nesta quarta-feira, na sede social da Kennedy. O encontro foi determinado pela 1ª Vara de Falências e Recuperação de Curitiba em função da Recuperação Judicial (RJ).
A reunião teve quorum com a participação de mais da metade dos credores de cada classe – ao todo, são 428.Eles aceitaram o prazo de dois meses “para a adequação do plano”, enquanto o clube queria três meses.
O Tricolor oferecia descontos de 90% a 92% para pagar a dívida de R$ 119 milhões em 16 anos, mas a ideia não foi bem vista nesta assembleia. No encontro, os credores demonstraram insatisfação sobre a proposta e alguns sugeriram até o decreto da falência por não acreditar que o clube consiga cumprir qualquer tipo de plano.
Na deliberação, o Paraná alegou que possui conversas com investidores para a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e que uma negociação concretizada melhora a situação financeira. Já os credores cobraram as cartas de intenção dos supostos interessados para a assembleia de 12 de junho.
O Tricolor também quer usar a sede da Kennedy como garantia do cumprimento da RJ, aceita em julho de 2022 – nesse caso, o clube afirmou que conversa com o poder público (prefeitura) para tirar a cláusula de inalienabilidade do terreno, que impede a venda. Anteriormente, um grupo de 30 pessoas já tinha sugerido a troca da Kennedy por potencial construtivo.
Atualmente, o Paraná divide o débito de R$ 119 milhões na RJ em três grupos: 361 como trabalhista, 52 no quirografários e oito entre Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP).
- Trabalhista: R$ 59,5 milhões
- Quirografários: R$ 46 milhões
- ME e EPP: R$ 13,7 milhões
O administrador judicial é Maurício Obladen, o mesmo da RJ do Coritiba. Em contato com o ge, ele disse que terá “reformulação das condições propostas pelo clube”. Internamente, a avaliação é de que uma aprovação é “considerada bem difícil”.
Dentro do processo, o Paraná citou que possui uma renda mensal de R$ 304 mil vinda de patrocinadores, bilheteria do estádio e o programa de sócio-torcedores, entre outros. A cúpula paranista alegou que “possui todas as condições e possibilidades de se reerguer (seja pela via recuperacional ou até por investidores)”.
O cenário da época, entretanto, era diferente do atual. Em crise constante, o Tricolor foi rebaixado no Campeonato Paranaense do ano passado e não conquistou o acesso na Série D em 2022. Assim, o Tricolor não tem calendário nacional pela primeira vez na história a partir de 2023.
A única competição do time paranista é a Divisão de Acesso, que começa no final de abril. O clube ainda perdeu cinco perdas de mando por invasão da torcida na partida do rebaixamento, o que impede ganhos com bilheteria.
Por outro lado, o Paraná tem anunciado diversos patrocinadores para estampar na camisa – um deles uma casa de “entretenimento adulto”, que gerou revolta de parte da torcida. Já o movimento “PRa cima, Paraná” tem tentado vender cotas para torcedores, conselheiros e ex-dirigentes para arrecadar valores.
De acordo com o balanço financeiro de 2021, a dívida total do Tricolor é de R$ 147 milhões. O relatório de 2022 precisa ser publicado neste mês.
Vale destacar que a recuperação judicial engloba as quantias trabalhistas e cíveis – o débito desses segmentos, por enquanto, é de R$ 92,7 milhões.
- Fiscal: R$ 8,9 milhões
- Trabalhista: R$ 37,7 milhões
- Cível: R$ 55 milhões
Veja a nota do Paraná
“Foi realizada, na tarde desta quarta-feira (12), na Sede da Kennedy, a primeira assembleia de credores da Recuperação Judicial do Paraná Clube. Por maioria de votos dos credores presentes, ficou aprovada a suspensão da mesma para a adequação do plano. A assembleia será retomada em prazo de 60 dias”.]
Fonte: Globo Esporte