Conforme antecipado pelo ge, investimentos previstos estão em torno de R$ 1,3 bilhão em 10 anos, com construção de novo CT e modernização do Couto Pereira
O Coritiba anunciou nesta terça-feira o acerto com a Treecorp, gestora de investimentos em empresas, para venda de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. Em vídeo, o Alviverde detalhou os valores e os próximos passos para a concretização do acordo.
O negócio envolve a cessão de 90% sobre o capital do clube-empresa e o investimento de aproximadamente R$ 1,3 bilhão em um período de 10 anos.
Dentro deste valor, segundo o Coritiba, está previsto, conforme antecipado pelo ge:
- Quitação total da dívida do clube – em torno de R$ 270 milhões;
- Construção de um novo centro de treinamentos – investimento de R$ 100 milhões;
- Reforma e modernização do estádio Couto Pereira – R$ 500 milhões;
- Mais R$ 450 milhões para operação (reforços e capital de giro);
Próximos passos
A oficialização da venda da SAF depende da aprovação do Conselho Deliberativo, da assembleia de sócios do clube e também do juízo da Recuperação Judicial.
Uma assembleia do Conselho Deliberativo foi convocada para esta quarta-feira, onde será discutido o assunto.
Detalhes do acordo
O jornalista especializado em negócios do esporte, Rodrigo Capelo, tinha antecipado os detalhes do acordo na segunda-feira. Entre os principais pontos estão:
- Investimentos em contratações e no centro de treinamento são obrigatórios por contrato. No caso do CT, cuja propriedade será transferida para a SAF, o aporte deverá ser feito imediatamente.
- O estádio continuará a ser posse da associação civil do Coritiba, que por sua vez assinará um contrato de cessão por 50 anos, renováveis por mais 50, para a SAF. A investidora terá sete anos para começar as obras no estádio e no máximo dez para encerrá-las, com punições contratuais caso o prazo não seja cumprido.
Para viabilizar a compra do futebol alviverde, a Treecorp abrirá uma empresa chamada Coxa S/A. Esta, por sua vez, vai adquirir 90% do Coritiba SAF, enquanto os 10% restantes pertencerão à associação civil. Essa estrutura dará aos investidores o controle sobre o futebol.
Como acionista minoritária, a associação manterá a responsabilidade de fiscalizar a administração dos novos proprietários, por meio da governança, além de ter poder de veto sobre questões de tradição. Haverá um Conselho de Administração, com até dez integrantes, dos quais a associação poderá indicar um nome. O Conselho Fiscal terá cinco membros, sendo um deles nomeado pela associação. Essas são as pessoas que ficarão incumbidas de participar da administração.
Dívidas
Sobre o endividamento, o Coritiba já concluiu sua recuperação judicial, na qual obteve descontos de credores e alongou o pagamento da dívida em 12 anos.
Ao constituir uma SAF e transferir para ela vários de seus ativos – contratos de jogadores, patrocínios e direitos de transmissão, por exemplo –, o Coritiba perderá a maior parte de suas receitas.
Em compensação, a associação civil receberá da empresa repasses financeiros. Esses valores variam a cada ano e têm como finalidade o cumprimento do acordo feito na recuperação judicial. Portanto, a SAF não receberá as dívidas, porém terá obrigação de efetuar esses pagamentos.
O que é Treecorp?
Treecorp é uma gestora de investimentos sediada em São Paulo. Esta é a primeira vez que uma companhia dessa natureza se envolve com a compra de um clube de futebol no Brasil.
A empresa é comandada por três sócios-diretores: Filipe Lomonaco, Bruno D’Ancona e Danilo Soares. Participa de seu conselho consultivo, também como sócio minoritário, o empresário Roberto Justus.
A Treecorp atua com o que o mercado financeiro chama de private equity, ou seja, investimentos em empresas já consolidadas. Neste caso, o foco costuma estar em negócios que ainda possuem grande potencial para crescimento. Estão no portfólio dela as empresas dos ramos de varejo, saúde, tecnologia e serviços financeiros.
A negociação com a associação civil do Coritiba, representada por seu presidente, Glenn Stenger, durou cerca de oito meses. Se considerado todo o período em que a gestora estudou o futebol, para mapear oportunidades de investimento, chega-se a cerca de um ano.
A escolha pelo clube paranaense levou em conta uma série de fatores, como o tamanho da torcida, o potencial de expansão do negócio, com a consolidação na primeira divisão e a fundação da liga de clubes, e o estado atual do Coritiba. Embora tivesse problemas financeiros, a associação os equacionou com a recuperação judicial e tem bens desembaraçados.