Companhia informou que foi abordada “de forma não solicitada” por interessados na “fintech“ e decidiu avaliar alternativas estratégicas para o negócio
A Americanas (AMER3) inicia na próxima semana uma busca por interessados em adquirir a rede Hortifruti Natural da Terra e estuda a venda de sua carteira digital Ame. Na segunda-feira, a empresa começou a procurar potenciais compradores para o Grupo Uni.co, dono das marcas Imaginarium e Puket.
A formalização da venda do Hortifruti nos próximos dias foi antecipada pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. O negócio foi adquirido pela varejista em 2021, por R$ 2,1 bilhões. O Citi foi mandatado para assessorar a venda dos ativos.
Em comunicado ao mercado na noite de quinta-feira (18), a Americanas confirmou o processo de venda do Hortifruti e informou que foi abordada, “de forma não solicitada” por interessados na Ame. Por isso, acrescentou, “decidiu avaliar alternativas estratégicas para o negócio”, embora não tenha ainda tomado uma decisão sobre o futuro da “fintech”.
Desde que a crise na Americanas foi deflagrada no início do ano — após informar um rombo contábil de R$ 20 bilhões e entrar em recuperação judicial , com dívidas de R$ 43 bilhões —, o mercado financeiro começou a especular quais ativos seriam vendidos.
Os acionistas de referência da Americanas — Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles — negavam a interlocutores que iriam se desfazer de empresas adquiridas pela Americanas nos últimos anos. No entanto, com a pressão dos credores por uma solução, a empresa decidiu buscar assessoria financeira para levantar os negócios que poderiam ser vendidos para gerar caixa. A venda de ativos está prevista no plano de recuperação judicial entregue em março.
O entendimento na Faria Lima é que a venda do Hortifruti e do Uni.co não deve equacionar a crise. Contudo, a decisão de oficializar os desinvestimentos sinalizaria que o grupo está engajado em encontrar uma solução para a turbulência financeira e de imagem. A percepção é que a venda de ativos vai colocar recursos que serão necessários no caixa, mesmo que esteja sendo costurado com os credores um acordo para reduzir as dívidas da empresa, e mais uma capitalização de até R$ 12 bilhoes (incluídos R$ 2 bilhões de aporte).
Considerado o melhor ativo do grupo, o Hortifruti deve atrair interessados. A dificuldade será a definição do “valuation”, segundo fontes a par do assunto. Os acionistas não vão querer vender o negócio na bacia das almas, mas enfrentarão resistência para obter o mesmo valor que pagaram antes.
No caso do Grupo Uni.co, a companhia não terá tanta dificuldade em encontrar comprador, mas o valor é baixo perto nas necessidades da empresa. “É um ‘business’ diferente e parte das marcas, como a Puket, por exemplo, pode atrair interessados”, disse outra fonte.
Fonte: Inteligência Financeira