Americanas, CVC, Marisa: como proteger seus investimentos em dívidas

O noticiário corporativo tem se mantido aquecido desde o início de janeiro, e no centro das atenções estão os casos de grandes companhias que tiveram problemas de crédito. Esses casos, aliados ao cenário macroeconômico difícil esperado para 2023, têm assustado investidores e elevado a aversão ao risco no mercado financeiro.

O caso mais emblemático deste ano foi o das Americanas, que descobriram “inconsistências contábeis” no seu balanço da ordem de bilhões ao identificar que as dívidas com fornecedores teriam sido subestimadas ao longo de muitos anos.

A Light é outra companhia que esteve nos holofotes diante de desafios à sua frente: a renovação da concessão e queda de demanda de alguns segmentos de atuação. A situação levou a empresa a contratar a Laplace Finanças para assessorar na análise de estratégias financeiras visando, principalmente, melhorias de capital. Na sequência, agências de risco rebaixaram a sua avaliação de crédito e tanto suas ações quanto seus instrumentos de dívida acabaram sofrendo.

Outros grandes nomes também entraram na lista daqueles com dificuldades financeiras, como CVC e Marisa.

O que essas empresas têm em comum? Com exceção das Americanas, que é um caso à parte, o cenário macroeconômico desafiador e as altas taxas de juros colocam as empresas em dificuldade de manter em dia as suas dívidas e deixam a estrutura de capital muito pesada.

Companhias com boa avaliação de risco pagam, normalmente, pelo menos 3% ao ano de risco de crédito. Ao adicionar a parcela referente à taxa básica de juros, que hoje está em 13,75%, o custo ao ano salta para cerca de 17%. Para companhias médias, pequenas, ou com percepção de risco maior, o custo pode até ser proibitivo.

Esse ambiente vai levar impreterivelmente a uma onda de renegociação de dívida. Se você investidor estiver posicionado em papéis com alguma participação em crédito privado, provavelmente vai acompanhar esse movimento.

O primeiro ponto a ser destacado é: não se assuste, processos como esse fazem parte dos ciclos econômicos e não significam necessariamente a perda do dinheiro investido.

Renegociações nada mais são do que a revisão dos termos de uma determinada dívida entre a companhia que levantou os recursos e os credores que emprestaram o dinheiro.

Em momentos como o atual, esse processo torna-se necessário para que os créditos continuem saudáveis e para que todas as obrigações sejam honradas. Muitas vezes, as renegociações compreenderão o adiamento do pagamento desse passivo ou a flexibilização na forma de pagamento no curto prazo. Por um lado, essa possibilidade dá fôlego para a empresa e permite que ela continue operando.

Para os investidores pessoa física que passam por renegociações ou que avaliem alocar recursos em novos títulos de dívida, o conselho é: Estudem a estrutura de garantias desses papéis.

É ela que vai reduzir o risco em momentos de crédito estressado como o que estamos vivendo atualmente. Garantias de qualidade como carteira de recebíveis pulverizados e alienação fiduciária, que são bastante comuns em operações no mercado imobiliário, tendem a passar com mais tranquilidade por momentos como este.

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Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas.

Fonte: Economia UOL

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