No último dia 20, a Americanas informou que o Conselho de Administração aprovou os termos e condições do plano de recuperação judicial, além da apresentação do processo — que tramita na 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destaca que o Plano de Recuperação Judicial considera todas as partes envolvidas — incluindo acionistas de referência, os seus principais credores e outros stakeholders — e tem como objetivo dois pontos principais: a manutenção do negócio com geração de valor e o equacionamento da nova estrutura de capital.
O plano apresenta uma proposta de pagamento composta pelo aporte de R$ 10 bilhões em novos recursos, conversão equivalente de dívida em capital em até R$ 10 bilhões, venda de ativos — como o Hortifruti Natural da Terra, a sua participação no Grupo UniCo e a aeronave da companhia — e, por fim, a reestruturação da dívida remanescente entre recompra e repactuação.
Como vai funcionar o pagamento das dívidas?
Segundo a empresa, os credores das classes 1 e 4, de natureza trabalhista e micro e pequenas empresas, foram excluídos da recuperação judicial, conforme a decisão anterior — pendente de resposta a recurso impetrado por alguns credores para o pagamento do saldo residual.
Os credores fornecedores (classe 3) com dívidas de até R$ 12 mil, ou aqueles com dívidas superiores que aceitem R$ 12 mil em troca da quitação integral, serão pagos integralmente após a homologação do plano. Já os que possuem créditos superiores a R$ 12 mil e optarem por não aderir à proposta, serão pagos em 48 parcelas mensais iguais, após aplicação de deságio de 50% ao valor total dos créditos quirografários.
Todos os credores podem se comunicar com a empresa referente ao plano de recuperação judicial através do endereço recjud@americanas.io.
Credores financeiros
No caso dos credores financeiros, a empresa propõe a recompra de dívida por parte da companhia, através de leilão reverso, da compra direta, além da conversão de dívidas financeiras — sendo parte em capital e parte em dívidas repactuadas. No leilão reverso, os credores terão a opção de escolher pela Opção de Reestruturação Dívida a Mercado ou pela Opção de Reestruturação Dívida Subordinada.
O que diz a empresa?
Leonardo Coelho, que assumiu como CEO da Americanas para liderar o processo de recuperação judicial, afirma que a companhia “continua operacionalmente viável apesar da dívida e, com a reestruturação prevista no plano, terá também níveis de alavancagem compatíveis com o mercado”.
Sobre o plano, ele diz que a grande maioria dos principais fornecedores já acenaram positivamente para a proposta, “embora ainda haja pontos relevantes a acordar”. “Temos plena convicção de que a situação financeira em que a Americanas se encontra é contornável e que a companhia é economicamente viável”, afirma o executivo.
A atual CFO da Americanas, Camille Faria, estima que a empresa seguirá, já recuperada, com estrutura de capital equilibrada. Neste início, o plano de recuperação já conta com o aporte de R$ 1 bilhão dos acionistas de referência — Jorge Paulo Lemann, Alberto Sicupira e Marcel Telles — por meio do financiamento DIP, que é um empréstimo exclusivo para casos de recuperação judicial.
Fonte: Canaltech