Maior IB independente em valor de mercado abre escritório no Brasil, comandado por Bruno Baratta
Maior banco de investimento independente do mundo em valor de mercado, o Houlihan Lokey quer uma fatia do mercado brasileiro. A firma acaba de abrir escritório em São Paulo, que será comandado por Bruno Baratta, um veterano da concorrente Lazard.
O Houlihan já tinha alguma atuação no país nas últimas duas décadas, trabalhando para credores internacionais que contratavam o banco no exterior em processos de reestruturação de dívida – como renegociações com Gol, Latam, Andrade Gutierrez, Samarco e Odebrecht Óleo e Gás. Na nova recuperação judicial da Oi, representa quase dois terços dos credores financeiros.
“É o mais fácil a fazer para quem não está no país, já que os clientes estão também em outras jurisdições. Mas isso não é 10% do que o banco faz globalmente”, disse Baratta ao Pipeline. “A proposta agora é trabalhar na assessoria financeira de forma mais ampla, construindo uma base de clientes brasileiros também.”
Isso inclui M&A, captação de recursos tanto em equity quanto dívida, reestruturações, special situations e pareceres financeiros. Pelo momento de mercado por aqui, as reestruturações ainda devem ter peso importante. “É natural pelo meu histórico e pelo contexto atual de mercado, mas a ambição é grande e torcemos para que o ciclo vire rápido”, diz.
No último ano, o Houlihan levantou US$ 15 bilhões e assessorou outros US$ 7 bilhões em 150 transações de mercado de capitais. A receita saltou de US$ 1 bilhão em 2019 para US$ 2,2 bilhões em 2022, com crescimento orgânico e aquisições, como a GCA Advisors, butique focada em investimento em tecnologia.
O M&A aumentou a base de bankers do Houlihan, que tem hoje mais de 2 mil profissionais, sendo 310 managing directors – uma geração média de receita de pouco mais de US$ 7 milhões por MD ao ano. “O banco também é bem agressivo em fazer M&A para si próprio e chegou a avaliar a entrada no Brasil nesse formato, mas achou que não era o caminho agora. Podemos considerar oportunidades em nichos específicos”, diz Baratta.
O Houlihan chega ao Brasil num momento em que o fee pool de bancos de investimento minguou no Brasil, a disputa segue acirrada e as perspectivas econômicas ainda não são das mais otimistas. Outros grupos financeiros internacionais, com diferentes áreas de atuação, acabaram revendo a presença no mercado brasileiro nos últimos anos, avaliando que, com a pequena representatividade do negócio no todo (ainda com peso do câmbio), não fazia sentido não fazia sentido uma estrutura local.
Baratta reconhece esse cenário, mas diz que a decisão é de longo prazo. “Claro que isso foi discutido no comitê internacional, mas a decisão de estruturar o negócio no Brasil não foi tomada agora repentinamente e não é imediatista. Vem sendo amadurecida há um tempo”, afirma. O Houlihan tem mais de 35 escritórios em outros 18 países e este é o primeiro na América Latina.
O head de Brasil, que já interagia com seus novos sócios como contraparte, uma dos pontos fortes do Houlihan é o time de cobertura de financial sponsors – são 22 pessoas dedicadas a fundos de private equity, fundos de crédito e family offices. “É uma cobertura bem dedicada e com um time de mercado de capitais também sênior, que traz uma baita oportunidade no Brasil” avalia.
Baratta passou os últimos 12 anos na Lazard, onde assessorou recentemente a fusão da Ômega Geração com a ômega Desenvolvimento, a compra da refinaria RLAM pelo Mubadala, a captação da Open Co com o Softbank e as reestruturações de Andrade Gutierrez e Usina São João. Na equipe local do Houlihan, Baratta deve ter um time de 15 bankers até o fim do ano.
O banco é avaliado em bolsa em US$ 6 bilhões. Seus pares, como Lazard, Evercore, Rothschild, Moelis e PJT Partners têm em torno de metade desse valor de mercado.
Fonte: Pipeline Valor Econômico