Com dívida de R$43 bi, recuperação judicial da Americanas é uma das maiores do país

A Americanas pediu recuperação judicial nesta quinta-feira, com dívidas de cerca de 43 bilhões de reais, oito dias após ter revelado um rombo contábil multibilionário que colapsou uma das maiores varejistas da América Latina.

No documento encaminhado à 4ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro, a varejista citou a piora nas conversas com credores e fornecedores, a consequente redução posição de caixa e a necessidade de manter a operação como motivos para o pedido, o quarto maior da história.

O pedido de recuperação judicial inclui além da Americanas as empresas B2W, JSM Global e ST Importações, deixando de fora a fintech Ame, que vinha recebendo forte impulso do ecossistema de lojas físicas e online do grupo.

Os acionistas de referência pretendem manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação, afirma a Americanas, que pediu ainda que a Justiça a autorize a capitalizar a Ame, por considerá-la “um dos maiores vetores de renda do grupo”.

A recuperação judicial foi precipitada por uma batalha judicial desde a última sexta-feira, quando a Americanas obteve uma proteção de 30 dias contra credores, dois dias após ter feito o tumultuado anúncio de “inconsistências contábeis” de 20 bilhões de reais e consequente renúncia dos seus dois principais executivos, após poucos dias no cargo.

Credores, incluindo BTG Pactual e Bradesco, buscaram reverter a decisão, esvaziando o caixa da Americanas, que Sergio Rial, o breve presidente-executivo, disse ao renunciar na semana passada que era de 7,8 bilhões de reais.

Sem citar nomes, a varejista afirmou que “alguns poucos credores, sem pensar nos impactos para a coletividade, tomaram medidas precipitadas que culminaram no perigoso esvaziamento do caixa da companhia e, consequentemente, inviabilizaram a sua operação a curto prazo”.

Como resultado do anúncio desta quinta, a ação da Americanas mergulhou 30%, para 1,19 real, colocando seu valor de mercado em cerca de 1,6 bilhão de reais, cerca de 10% do que valia antes do malfadado anúncio da semana passada, que também levou as agências de rating Fitch e S&P a colocarem a classificação da nota de crédito da companhia na categoria ‘lixo’. A B3 anunciou nesta quinta-feira a exclusão do papel de todos os índices, incluindo o de referência da bolsa, Ibovespa.

O pedido desta quinta-feira põe Americanas, que tem cerca de 40 mil funcionários, entre as maiores ‘RJs’ do país. O grupo das maiores operações do tipo no país inclui Odebrecht, com 98,5 bilhões de reais em dívidas em 2019; Oi, com 65,4 bilhões em 2016; e Samarco (50 bilhões de reais) em 2021.

 

Fonte: https://br.financas.yahoo.com/noticias/com-d%C3%ADvida-r-43-bi-192506576.html

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