A diretora de comunicação do Hurb (ex-Hotel Urbano), Ana Carolina Feliciano, disse em entrevista ao UOL que a agência de turismo online, que tem passado por uma crise sem precedentes nos últimos meses, prevê resolver as pendências com clientes que compraram viagens e não embarcaram até o final deste ano.
O que ela disse
“O cliente vai embarcar. A gente tem trabalhado com a previsão até o fim do ano”, afirma Ana Carolina Feliciano. Segundo ela, há a possibilidade de reembolso, cancelamento e crédito.
Nos últimos dias, o Hurb contratou duas consultorias. As empresas, cujos nomes são mantidos em segredo, serão responsáveis por auxiliar na reestruturação financeira por meio de negociação de crédito com bancos. A agência de turismo não revela detalhes do planejamento.
O Hurb não informou ao UOL o valor atualizado de sua dívida. No entanto, existem rumores de que o montante a ser pago para fornecedores, como companhias aéreas e hotéis, ultrapasse R$ 100 milhões. Ela diz que alguns débitos já estão quitados, como é o caso da Accor, gigante da hotelaria.
A Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) havia prorrogado até ontem o prazo de uma medida cautelar para a empresa esclarecer se tem condições financeiras de honrar com as viagens. O órgão recebeu cerca de 11.261 reclamações contra o Hurb só este ano. Em 2022, foram 12.764 registros.
Otavio Brissant assumiu o comando do Hurb há duas semanas. Ele foi anunciado interinamente após o antigo CEO da companhia, João Ricardo Mendes, gravar um vídeo ameaçando e expondo dados de um cliente. Mendes permanece como principal acionista e responsável legal pela agência.
O Hurb não avalia a possibilidade de pedir recuperação judicial, diz a diretora. Ela declara que a agência de turismo online atualmente não tem dívidas com bancos e depende apenas de capital próprio. No entanto, a companhia afirma estar em contato com instituições financeiras para buscar dinheiro para resolver débitos com fornecedores.
Nós não cogitamos recuperação judicial. Estamos seguindo toda a cartilha de reestruturação. Estamos retomando conversa com os bancos e temos agora as consultoras para nos ajudar.
Ana Carolina Feliciano, diretora de comunicação do Hurb.
Hurb reconhece insatisfação
Ana Carolina diz que o Hurb reconhece a insatisfação dos clientes. Porém, ela também afirma que há casos em que os consumidores compraram as viagens sem ler o regulamento.
As viagens com data flexível começaram a ser vendidas no início da pandemia. São pacotes promocionais com passagens aéreas e hospedagem em que o cliente sugere três opções de data de embarque -com exceção dos meses de janeiro, fevereiro e julho (alta temporada) e semanas com feriado, segundo o regulamento.
A diretora afirma que o preenchimento das datas criou a “falsa sensação” de embarque. O regulamento pede que os clientes sugiram data com intervalo mínimo de cinco dias.
A gente acha que houve falha na comunicação nossa no início, de explicar o produto, mas também existiu falha de comunicação [do cliente] de tentar entender o produto. É uma responsabilidade compartilhada. Mas eu não passo a mão na cabeça de ninguém.
Fonte: UOL Economia