Justiça aprova pedido de recuperação extrajudicial da Amaro; varejista buscou fundos para sair da crise

A varejista de moda Amaro entrou, no último dia 22 de março, com pedido de recuperação extrajudicial na 3º Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo, abrangendo uma dívida quirografária de R$ 244,6 milhões, após tentativas sem sucesso de buscar investidores para o negócio e renegociar linhas de crédito. O pedido foi concedido pela Justiça no dia 24 de março.

O Valor já havia antecipado, no início deste mês, que a empresa enfrentava grave crise e buscou capital e sócios no mercado, mas teve dificuldades nesse projeto.

Segundo informações do processo no TJSP, a juíza do caso, Maria Rita Rebello Pinho Dias, deferiu o pedido de homologação de recuperação extrajudicial, ressaltando que a referida reestruturação foi fruto de negociações com os principais credores abrangidos, e com o cumprimento dos requisitos legais para a homologação judicial do plano.

A empresa obteve a aprovação do plano por créditos que representam 41,63% da soma em aberto — esse percentual no valor equivale a R$ 101,8 milhões em dívidas.

No pedido, a Amaro diz “que o setor de varejo vem sofrendo com a alta da taxa de juros e com a volatilidade do câmbio”, e isso gerou um “aumento considerável de seu passivo nos últimos anos”.

A empresa afirma ainda que, em outubro de 2021, a companhia contratou um banco de investimento para captar recursos, e assinou um termo de exclusividade com um determinado fundo em fevereiro de 2022, e ainda obteve duas linhas de crédito junto aos bancos Itaú e Santander “para manter o fôlego financeiro até o fechamento da rodada de investimento junto ao fundo”.

“Em virtude da crise no mercado de crédito relacionado aos setores de tecnologia e venture capital, o fundo postergou o investimento para o ano seguinte”, disse a Amaro nos autos da ação.

O Valor informou em março que a empresa chegou a buscar plataformas de marketplace para algum tipo de acordo que passaria por aporte de capital, mas não houve avanços nos contatos.

Sem sucesso na busca por novos investidores e pela renegociação das condições de pagamento dos créditos, a empresa disse que teve que implementar planos de redução de gastos e revisão de despesas operacionais essenciais e dívidas financeiras, “em prejuízo do pagamento de fornecedores e prestadores de serviços”.

Além disso, ressaltou a queda de vendas no setor de vestuário e a alta da inflação, que afetou a operação como um todo.

A empresa disse possuir, em relação às obrigações bancárias, dívida líquida de R$ 151,7 milhões e, quanto aos fornecedores, dívidas atingem quase R$ 93 milhões. “Os valores se sobrepõe à capacidade financeira da empresa neste momento, razão que fundamenta o presente pedido”.

Procurada, a rede, com 20 lojas no país e forte operação digital, confirma a medida e diz que o plano é parte do processo de reestruturação. Disse que a meta é preservar sua liquidez e adequar a sua estrutura de capital para fortalecer a operação.

Fonte: Valor Econômico

 

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