Leilão de duas indústrias, situadas no Paraná e arrendadas pela Cervejaria Petrópolis há quase dez anos, deve ocorrer em 27 de junho
A Justiça autorizou que duas indústrias de processamento de soja, situadas no Paraná, sejam vendidas em leilão, previsto para ocorrer em 27 de junho. As fábricas estão no centro de uma das maiores disputas comerciais em curso no Brasil, que se arrasta desde 2017. Ela opõe a Bunge, a gigante global do agronegócio, e a Cervejaria Petrópolis, que detém marcas como Itaipava e Petra, contra a Imcopa, dona das duas plantas, localizadas nas cidades de Araucária e Cambé.
A decisão judicial, assinada pela juíza Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, da 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba, em 25 de abril, estabelece que o edital de venda das indústrias seja publicado até o fim de maio. A Imcopa, informam fontes ligadas ao caso, estaria ultimando os preparativos para a divulgação do documento. A abertura dos envelopes com as ofertas dos compradores está marcada para 27 de junho, às 14h30. Se o processo não for concluído nessa data, deve ser replicado em até 60 dias.
Em 2017, as duas fábricas chegaram a ser leiloadas. Na época, a Bunge arrematou ambas. A empresa comprometeu-se a pagar R$ 50 milhões pelas duas indústrias. Embora o número nunca tenha sido oficialmente confirmado, estima-se que a gigante do agronegócio desembolsaria mais R$ 1 bilhão para os credores da Imcopa. Mas a Cervejaria Petrópolis, que havia arrendado as duas unidades fabris em 2014, contestou o negócio na Justiça. A venda, então, foi cancelada.
Início da disputa
A origem do caso, porém, remonta a 2013, quando a Imcopa entrou em recuperação judicial. No ano seguinte, ela arrendou as fábricas paranaenses para a Petrópolis. Em 2021, a Bunge, que não havia tentado, mas não conseguiu comprar as fábricas quatro anos antes, começou a fornecer matéria-prima com exclusividade às duas unidades fabris. Ela também passou a adquirir a totalidade dos derivados de soja produzidos nas duas plantas.
Desde então, a Imcopa questiona na Justiça a legalidade desse acordo. Alega, entre outros pontos, que a Bunge estaria subarrendando as indústrias, o que não seria permitido pelo contrato firmado entre a gigante do agronegócio e a fabricante de bebidas. No processo, ainda em curso, a Bunge contestou tal argumento.
Menor tensão
Agora, avaliam fontes ligadas ao caso, as condições para o leilão seriam melhores. Isso porque o contrato de arrendamento das indústrias feito pela Cervejaria Petrópolis, que entrou em recuperação judicial em abril, expira em 2024. O novo comprador só assumiria as fábricas a partir dessa data. Em tese, isso eliminaria as chances de uma nova contestação judicial do negócio. Além da Bunge, outras empresas que atuam no setor seriam concorrentes naturais no novo processo de aquisição das indústrias. A lista potencial inclui nomes como Cargill, ADM, Caramuru, CJ Selecta e Sodrugestvo, todas gigantes do agronegócio, com os dois pés cravados no segmento da soja.
Fonte: Metrópoles