Oi (OIBR3, OIBR4) divulga balanço nesta segunda em meio a recuperação judicial

Em meio ao processo de recuperação judicial, a empresa de telecomunicações Oi (BVMF:OIBR3) divulga seus indicadores financeiros referentes ao quarto trimestre de 2022 nesta segunda-feira, 22, após o fechamento do mercado. Conciliar a expansão da fibra e manutenção de outros serviços com o pagamento das dívidas e dos juros segue como desafio, segundo analistas consultados pelo Investing.com Brasil, que esperam dados negativos para a companhia.

A conferência de resultados está marcada para amanhã, às 11h (horário de Brasília). A média das estimativas de analistas compiladas pelo InvestingPRO indica uma receita de R$2,333 bilhões no período. Às 14h53 (de Brasília), os papéis preferenciais estavam em alta de 5,31%, a R$2,58, enquanto os ordinários ganhavam 6,54%, a R$1,14.

Segundo Fernando Bresciani, analista do Andbank, as perspectivas são difíceis. “A Oi vendeu muitos ativos estratégicos e tem uma dívida muito alta. Estamos em um cenário desafiador. Talvez a taxa de crescimento de uso de celulares não seja tão grande quanto no passado, com restrição de renda e juros elevados afetando a dívida”, aponta. Bresciani lembra que a companhia vem de resultado negativo e com dívidas elevadas, em um setor onde os investimentos são muito intensos e as concorrentes enfrentam situação bem distinta. “Além disso, o regulador avalia se ela dá conta de atender o que está previsto na concessão”, completa, em referência à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Os resultados devem vir piores, segundo Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research, que estima uma queda no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) em torno de 20% na comparação anual. “Vamos ver prejuízo, com certeza. Operacionalmente, acredito que haja avanços, principalmente em fibra para varejo. Nos últimos trimestres, houve expansão das ligações, mas isso está muito longe de conseguir resolver os problemas financeiros da Oi”.

No terceiro trimestre, com dados divulgados em 09 de novembro, a Oi reportou uma receita líquida total de R$2,770 bilhões, em linha com o segundo trimestre, mas bem abaixo na análise anual, com R$4,520 bilhões no 3T21. O prejuízo líquido no período totalizou R$3,064 bilhão, contra indicadores também negativos de R$321 milhões no segundo trimestre de 2022 e de R$4,813 bilhões no terceiro trimestre de 2021. O Ebitda de rotina totalizou R$168 milhões, contra R$1,460 bilhão no 3T21 e R$388 milhões no 2T22. A dívida líquida da companhia fechou o terceiro trimestre em R$18,334 bilhões, melhora contra R$29,899 bilhões no terceiro trimestre de 2021 e piora em relação aos R$16,123 bilhões no segundo trimestre de 2022.

Conselho aprova plano de recuperação judicial

O Conselho de Administração da Oi aprovou os termos e condições do plano de recuperação judicial proposto pela companhia, um mecanismo para manter as atividades enquanto tenta equalizar as contas. Em um processo como este, são suspensas partes das dívidas, enquanto seguem as tratativas de renegociação, para evitar a falência. A lista de credores mais recente da empresa declara dívidas de R$44,3 bilhões.

O pedido foi feito pela segunda vez em março, poucos meses depois de a Oi ter saído de processo semelhante, que durou seis anos. De acordo com fato relevante divulgado pela empresa, o plano “estabelece os termos e condições propostos para as principais medidas que poderão ser adotadas com vistas à superação da atual situação econômico-financeira do Grupo Oi, à sustentabilidade da companhia no longo prazo e à continuidade de suas atividades”. Além disso, reflete a manutenção das negociações com principais credores.

O plano prevê a equalização do passivo financeiro e reestruturação de créditos concursais, captação de dívida de ao menos R$4 bilhões, implementação de outras medidas para conquistar novos recursos, como eventual aumento de capital e novas linhas de crédito e financiamentos, assim como possível alienação de ativos.

Sobre essa possível captação, o analista do Andbank acredita que a repercussão do mercado vai depender de detalhes mais precisos. “Tudo vai depender da taxa e da garantia. Dar dinheiro para empresas em recuperação judicial, existem casos e casos”.

A grande diferença deste plano judicial para o primeiro, segundo Vaz, é a venda de ativos relevantes que fazem parte da estratégia do novo core business, a fibra ótica. “Fatores bem relevantes e bem ruins. Mostra que a empresa não tem capacidade de conseguir conciliar sua expansão, a manutenção das suas operações, com o pagamento das dívidas e dos juros”, completa o analista da Nord. “Se eles conseguirem fazer essa reestruturação, vai se tornar uma empresa de fibra para o varejo, isso mostra como a empresa tem dificuldade, com a venda de ativos que geravam receitas”.

Preço-justo e saúde financeira da Oi

A média das estimativas de analistas compiladas pelo InvestingPRO, plataforma financeira que reúne dados de diversos especialistas, aponta para um preço-justo de R$2,69 para as ações preferenciais da Oi, com incerteza alta.

Para as ações ordinárias, o preço-justo projetado pelo InvestingPRO é de R$1,40, também com incerteza alta.

Fonte: Investing

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