Rodrigo Abreu, CEO da Oi, explica nova recuperação judicial

Em entrevista exclusiva ao TELETIME Live, canal do Youtube da TELETIME, o CEO da Oi, Rodrigo Abreu, detalhou as condições do acordo preliminar fechado com alguns credores e anunciado na semana passada, após o pedido de entrada na segunda recuperação judicial. O executivo também falou das expectativas da empresa em relação à conclusão das pendências ainda restantes da primeira recuperação, como a negociação com a Anatel para a questão da concessão e dos bens reversíveis, a arbitragem contra o trio de empresas compradoras da Oi Móvel e a venda da base de TV paga para a Sky, que segundo Abreu ainda pode não acontecer.

O executivo explicou na entrevista, o foco agora é a reestruturação junto a credores financeiros, sem afetar os acordos com os fornecedores. Segundo Abreu, os termos que estão sendo negociados com parte dos credores preveem, na prática, que metade da dívida atual seja convertida em ações da companhia (para aqueles que fizerem novos aportes). Para os credores que não fizerem aportes, 70% do valor da dívida vira ações. Após essa conversão, 80% do capital será detida pelos antigos credores e 20% pelos atuais detentores de ações da companhia, o que tende a levar a uma diluição dos atuais acionistas. Segundo Abreu, a expectativa é que a Oi seja uma empresa mais forte, e portanto mais valorizada, ao final do processo.

Depois dessas conversões, a empresa terá um financiamento de longo prazo de R$ 4 bilhões, como parte do plano para que a Oi chegue a uma situação de caixa operacional para depois de 2025, ou seja, após o final (ou resolução) do problema da concessão. Segundo Abreu, a concessão hoje gera perdas para a empresa, e o reequilíbrio passa pelo fim dessas obrigações.

Sem desconto na rede da V.tal

Ainda segundo Rodrigo Abreu, o acordo com a V.tal não é para aporte financeiro, e sim no conjunto de acordos relacionados a passivos onerosos, que na prática são compromissos financeiros. O que houve é um desconto de 50% no contrato de pagamentos de longo prazo à Globenet pelos próximos quatro anos. A Oi tem um acordo desse tipo com a Globenet (hoje parte da V.tal) e com a SES, na prestação do serviço de DTH. Mas é importante destacar que a V.tal não está dando desconto nos valores cobrados pelo uso da rede. “O papel da V.tal nesse momento é apenas o servir como garantia para os novos aportes que a empresa vier a receber”.

A Anatel, contudo, já deixou claro que não permitirá à Oi reduzir a sua participação na V.tal por enquanto. Para Abreu, as restrições que a Oi tem hoje a uma diminuição da sua participação da V.tal só existem enquanto há o entrave das concessões. Mas ele destaca que esse assunto obrigatoriamente desaparece após 2025, quando vencem as concessões.

Um aspecto importante da reestruturação é o que acontecerá com a ClientCo, ou unidade dedicada aos serviços de banda larga prestados pela empresa. Abreu explica que a criação da unidade não significa que ela será vendida, mas que ela poderá ter outras alternativas de capitalização, como uma futura abertura de capital específica, ou um processo de fusão e aquisições, ou ainda a entrada de um novo acionista. Ele destaca que a ClientCo é o coração da empresa e é o que carrega o negócio para frente. Mesmo que a ClientCo seja colocada como garantia, essas garantias só serão executadas se der tudo errado, o que a Oi espera que não aconteça, obviamente.

Crescimento menor

Em relação ao cenário de crescimento da empresa, Rodrigo Abreu reconhece que houve um impacto macroeconômico no desempenho operacional da empresa, mas destaca que a Oi segue crescendo, com aumento de receita global e a média por usuário (ARPU). Mas ele acredita que o movimento de consolidação do mercado, de depuração do nível de concorrência e de recuperação econômica do país devem ajudar, mas destaca que os novos planos de crescimento já serão mais conservadores do que aqueles projetados antes de 2020.

Em relação às pendências ainda existentes dos movimentos decorrentes da primeira recuperação judicial (arbitragem relacionada à Oi Móvel, venda das torres para a Highline e venda da base de TV paga para a Sky), Abreu lembra que essas pendências tiveram um impacto de cerca de R$ 4 bilhões no caixa projetado pela empresa.

Ele indica a expectativa de um acerto ainda negocial com o trio de compradores da Oi Móvel (Claro, TIM e Vivo), agilizando uma solução, e diz que nunca houve a interrupção de conversas, mas reconhece que o processo de arbitragem pode ser longo. Sobre a venda das torres para a Highline, Abreu entende a restrição colocada pela Anatel, mas pleiteia que os recursos possam ser utilizados imediatamente na própria concessão. Já sobre a negociação com a Sky, Abreu dá a entender que as discussões ainda se arrastam, e indica a possibilidade de que esse contrato pode não sair mais, mas destaca que o mais importante é reduzir os contratos onerosos de uso de satélite da SES, o que está sendo negociado em paralelo – a proposta de acordo com credores financeiros inclui no escopo o contrato de satélites.

Fonte: Teletime

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